sexta-feira, 9 de julho de 2010

Resposta ao descabido

O texto não vem forçado. O texto força. Ele é força e é forjado. Ele dorme primeiro. Se alimenta, depois. Precisa de fazer amor e reabastecer-se. Ele cultiva hortelãs. Ele irrompe, emerge, flutua. Ele fisga. Ele não pertence. Ele co(n)tem. Ele se ata, desata, desatina. O texto tinta tudo de cores ocres. Ele pulsa, desassossega, briga. Lambe e beija molhado. Ele aparece quando bem quer. Escreve carta, entrega, toma. Rasga. Futuca a casa, derrama vinho, incendeia vida. Debruça-se na janela. Estende-se à rua. Depois de feito, pronto se enrijece, envaidece, some. Barro vermelho de espinha-homem. Se mergulhado, o texto força. Se acordado, ele sonha. Se endereçado, multiplica. Se delirante, o texto ama..

2 comentários:

  1. e que os textos sejam esses diparadores de tantas e tantas multiplicidades!

    beijocas

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  2. e se o texto começa nos olhos, por vezes rega olhos alheios.

    (seu nome súbito me soa familiar)

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