quarta-feira, 18 de maio de 2011

Palavras

Se me dão palavras? Eu as tomo. Feito líquido fervente que desce queimando voz. Feito aguardente, chocolate quente, chá de menta e pétalas.... Feito feitiçaria crua que corre às mãos-bruxas de mulheres-pastoras. Feito bebida de amor na cama... Feito raspado de unhas cortantes, lágrima em noite fria e escura. Tomada pela intensidade do invólucro-palavra. Palavra-bendita. Maldita. Palavra. Sai esganiçada de gritar. Rouca de tanto pedir. De tanto falar. Trêmula de encontro-algoz teu destino mutável e diverso: puída, largada, catártica, cansada, exausta, ferida. Faz trajeto pelo Outro, retorna e grita! Já não choras pelos possíveis.... esgotou-se.

Quando a dissonância esgueira-se no presente: imagem de um percurso-desvio

Rua, lado, pedra, vozes, cheiros, rosa, mãos, nuas carnes, entorpecimentos... sentidos, latidos, preguiça, buraco, hiato, fragmento, vasado de cor, ar sólido, de dor , Remédio. Tédio. Um salto. Acorda-te ainda que durmas. Por um ato se faz a língua.