quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Chuva, sol, meninos e livros
Naqueles dias a chuva lá formou pequenos lagos barrosos. Mal se podia atravessar a ponte, o pequeno caminho, para buscar livros. É que a "guardadora de livros" permanecia doutro lado do chuvoso-movediço.
Passava avião por cima e passarinhos. Vento e até certo azul.
Mas menino pensava inquieto como dar seus pulos e sobrevoar o alagado. É que era forte sua fome de livro. Chegava a doer a barriga. Não poderia esperar dias até que o sol aparecesse e fizesse água barrenta novamente virar pingo. Estava aflito o menino.
Além tudo, pensava como iria explicar à marianinha. Haviam combinado prosear sobre aventuras. Ela gostava de ver menino contar as palavras-desenhadas dos livros. Diante dos livros, serviam-se como num banquete. Comiam, comiam palavras, até ficarem fartos.
Quando voltavam para casa, rendiam explicações. Pai e mãe às vezes esquecem que já foram meninos.
Dias choveu e menino e menina ficaram roxos sem palavras. Tentaram invenções, mas ansiavam pelos dias azuis de letra.
Numa tarde, as nuvens foram passando. O mato bebeu a água empossada. O sol não tardou raiar no horizonte.
Menino saltou de casa feito liberdade e traçou rumo ao encontro com as palavras.
sábado, 22 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
terça-feira, 4 de outubro de 2011
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Resposta a iansã de dentro
Ah! um copo vazio...
um limite. uma fenda. uma lua.
alma bebericante de rubro-vinho, qualquer que seja...
em busca de terra e céu. Fronteira.
vazio. é o segredo.
vazio de tudo!
e a melodia pode travessar liames.
pode fazer dormir.
pode entorpecer.
pode.
e a lua lá.
pra testemunhar nossa pequenez-bondade.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Palavras
Se me dão palavras? Eu as tomo. Feito líquido fervente que desce queimando voz. Feito aguardente, chocolate quente, chá de menta e pétalas.... Feito feitiçaria crua que corre às mãos-bruxas de mulheres-pastoras. Feito bebida de amor na cama... Feito raspado de unhas cortantes, lágrima em noite fria e escura. Tomada pela intensidade do invólucro-palavra. Palavra-bendita. Maldita. Palavra. Sai esganiçada de gritar. Rouca de tanto pedir. De tanto falar. Trêmula de encontro-algoz teu destino mutável e diverso: puída, largada, catártica, cansada, exausta, ferida. Faz trajeto pelo Outro, retorna e grita! Já não choras pelos possíveis.... esgotou-se.
Quando a dissonância esgueira-se no presente: imagem de um percurso-desvio
Rua, lado, pedra,
vozes, cheiros, rosa,
mãos, nuas carnes,
entorpecimentos...
sentidos, latidos, preguiça,
buraco, hiato, fragmento,
vasado de cor,
ar sólido,
de dor ,
Remédio. Tédio.
Um salto.
Acorda-te ainda que durmas.
Por um ato se faz a língua.
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