quarta-feira, 31 de março de 2010

O tempo das coisas

Que tempo marca as passagens? Que passagens produzem visões? Que visões abrem novos caminhos? Por quais caminhos a alma se abre? Qual abertura provoca o pensar? Qual pensamento produz a vida?

Ponha sua alma na janela

Ponha sua alma na janela. Peça-a para voar entre-campos. Leia para ela os livros não visitados. Leva-a ao museu. Alimente-a. Musicalize-a. Mantenha-a livre tanto quanto possível. A alma não carece de gaiola. Ela carece de beleza.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Reverberações

Da feitura da vida

A obra é puro exercício.

Labor diário de costurar

Fio a fio

Entreabertos

Para novas andanças.

Reverbera-se o verbo, sempre

Dele inscreve-se

Palavras aos fios

E destes,

Uma resistência acontece.

Segue

Que rupturas se dão em curso.

Detenha-te apenas

Salvos momentos

Quando vislumbrares surpresas.

Que viver não requer força nem hábito.

Viver é delicadeza e corte.

Cartesianamente reconheço-me por ora.

Isso produz em mim franca tristeza.

Mas como ora desfaleço

E rompe no mundo

O cotidiano que amanhece

Admito sem esforço,

Lispectorianamente: “não sei fritar ovos”.