Amo o deserto,
mas por causa das cobras
não alcanço o repouso
de sua cama de areia.
O jardineiro inepto
cortou o rebento esplêndido,
é meu braço que corta.
Nada é como eu quero que seja,
não há aqui um só lugar
que possa chamar de meu,
pareço amar a tristeza,
como um navio aos ferros do seu aprumo.
Lançar âncoras é uma ideia feliz.
Os navios me causam
compaixão e espanto.
Adelia Prado - A duração do dia
verticalidades viscerais
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
segunda-feira, 16 de abril de 2012
sexta-feira, 2 de março de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Chuva, sol, meninos e livros
Naqueles dias a chuva lá formou pequenos lagos barrosos. Mal se podia atravessar a ponte, o pequeno caminho, para buscar livros. É que a "guardadora de livros" permanecia doutro lado do chuvoso-movediço.
Passava avião por cima e passarinhos. Vento e até certo azul.
Mas menino pensava inquieto como dar seus pulos e sobrevoar o alagado. É que era forte sua fome de livro. Chegava a doer a barriga. Não poderia esperar dias até que o sol aparecesse e fizesse água barrenta novamente virar pingo. Estava aflito o menino.
Além tudo, pensava como iria explicar à marianinha. Haviam combinado prosear sobre aventuras. Ela gostava de ver menino contar as palavras-desenhadas dos livros. Diante dos livros, serviam-se como num banquete. Comiam, comiam palavras, até ficarem fartos.
Quando voltavam para casa, rendiam explicações. Pai e mãe às vezes esquecem que já foram meninos.
Dias choveu e menino e menina ficaram roxos sem palavras. Tentaram invenções, mas ansiavam pelos dias azuis de letra.
Numa tarde, as nuvens foram passando. O mato bebeu a água empossada. O sol não tardou raiar no horizonte.
Menino saltou de casa feito liberdade e traçou rumo ao encontro com as palavras.
sábado, 22 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
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